Terroir - Vinhos Verdes
Todos nós, em algum momento da nossa vida, ouvimos alguém utilizar a expressão terroir.
Mas o que é, na verdade, o significado dessa palavra?
Terroir é uma palavra francesa sem tradução, mas que, trocando por miúdos, significa 'sentido de lugar'.
E tu agora dizes: Boa, fiquei na mesma.
Tem calma, já lá vamos!
Como diria um professor de enologia que tive quando alguém perguntava sobre uma matéria que seria dada no semestre seguinte.
Sentido de lugar é a junção de vários fatores que passo a enumerar:
- Solo
- Clima
- Exposição Solar
- Altitude
- Tradição
- Pegada humana
O terroir na região dos Vinhos Verdes não é linear, por isso a região é dividida em 9 sub-regiões. Nós aqui vamos tentar simplificar as coisas dentro do possível.
Solo
O solo da região é maioritariamente granítico, havendo em algumas zonas de maior altitude algum xisto também, mas sem grande significância.
O granito é uma rocha com baixa retenção de água e calor, o que proporciona vinhos mais frescos, ou seja, com acidez elevada e notas de frutas verdes como lima, limão ou maçã verde.
Também é responsável por aquela sensação mineral gritante!
Clima
Toda a região é fortemente impactada pelas correntes marítimas do Atlântico Norte. Estas correntes frias ajudam as uvas a terem uma maturação calma, constante e prolongada.
Este fator contribui para a retenção da acidez, que em conjugação com a mineralidade, são responsáveis pela característica bem marcante dos vinhos da região.
Na região, chove mais do que em Londres ou até mesmo em Liverpool. Este fator é fundamental para manter os níveis de álcool baixos.
Exposição Solar
A exposição solar é algo que depende de cada vinha, mas para teres uma ideia, vinhas viradas a sul têm normalmente mais horas de sol, o que faz com que a uva tenha mais açúcar que, na fermentação, se transformará em álcool, resultando em menos acidez. Com exposição a norte, é o inverso.
A exposição solar é algo mais específico de cada vinha e não tanto da região em si.
Altitude
Quanto maior a altitude, mais baixa é a temperatura. Quando as temperaturas são mais baixas, a maturação ocorre mais lentamente, o que, como já mencionado, permite que a uva retenha a sua acidez natural.
A região dos Vinhos Verdes não é tão influenciada pela altitude como, por exemplo, o Dão ou outras regiões.
Tradição / Pegada Humana
As tradições e a intervenção humana estão em constante evolução. A região dos Vinhos Verdes era muito conhecida pela produção em parreira, onde as vinhas eram conduzidas em altura, protegendo-as da humidade.
No entanto, esta técnica não é capaz de produzir vinhos de grande qualidade. Assim, a região tem evoluído em qualidade à medida que foi abandonando esta prática.
Esta prática era utilizada não só para proteger a videira da humidade, mas também para rentabilizar os terrenos, permitindo o cultivo de outras plantas, como o milho, ao elevar a videira.
Obviamente, a natureza não é linear e Portugal é campeão em microclimas, por isso existem exceções à regra.
A exceção à regra mais conhecida na região é Monção e Melgaço, o bastião do Alvarinho. Em contraste com o típico Vinho Verde, este consegue atingir maturações elevadas. Por isso, não estranhem ao ver vinhos da casta Alvarinho com graduações mais altas e estágios em madeira mais prolongados do que seria esperado para a região dos Vinhos Verdes.
Isto deve-se ao facto de Monção e Melgaço estarem localizadas num vale que as protege das correntes marítimas mencionadas anteriormente, tornando esta sub-região mais quente do que o restante da região.
0 comentários